09/04/2009

Reflexão de Nuno Lameiras, Professor aposentado do Ensino Secundário - Marco de Canavezes

1. Ao contário da reacção de muitas pessoas, reconheci sempre a pertinência de medidas até polémicas, como, por exemplo, as célebres aulas de substituição ou o encerramento de escolas do 1º CEB. Na verdade, procurei entender o lado positivo dessas opções, que, na sua essência, foram importantes.

2. A minha revolta relativamente à ministra começou com a sua arrogância para com os professores. Na minha vida profissional de quase 40 anos de ensino, nunca tinha visto tal coisa. Essa atitude foi lamentável: a) mostrou um enorme desrespeito por quem trabalha; b) pretendeu, de forma primária, conquistar os pais; c) contribuiu inexoravelmente para a indisciplina e o péssimo clima instalado em muitas escolas.

3. O aspecto mesmo GRAVE das políticas educativas foi, realmente, a avaliação de professores. Não pela avaliação em si - necessária, embora implementada através dum processo estapafúrdio -, mas sim pela medida que, perfidamente, a precedeu, incompreensivelmente (?) ignorada pelos partidos e pelos próprios sindicatos: a divisão entre professores titulares e não titulares. Num acto de autêntico chicoespertismo eficaz e rápido, essa medida, BASEADA NUMA VALIDAÇÃO FALSA E ARBITRÁRIA DE ELEMENTOS DA CARREIRA, desprezou a dignidade das pessoas e lançou o caos moral e psicológico entre os docentes. Não tem perdão! Só mais tarde, com a consubstanciação do processo avaliativo, muitas pessoas se deram conta da dimensão do logro em que tinham caído, pois os titulares passariam a ser avaliadores dos não titulares, QUANTAS VEZES COM MUITO MENOS PREPARAÇÃO DO QUE ESTES!! Diz-se, e eu acredito, que os sindicatos "negociaram" esse crime com o número de professores em funções sindicais...

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